(Essa crônica foi publicada excepcionalmente nessa quarta-feira).
"Roupa suja lava-se em casa!". Mesmo porque se alguém se suja, não existe outro lugar para renovar a roupa senão no meio dos seus e debaixo de seu próprio teto.
"Roupa suja lava-se em casa!". Mesmo porque se alguém se suja, não existe outro lugar para renovar a roupa senão no meio dos seus e debaixo de seu próprio teto.
Em um evento recente, uma jovem comediante fez um stand up em Nova Iorque para diversos
brasileiros que ali moravam. Antes, ela deu suas opiniões na internet sobre os
jogos olímpicos em sua cidade, coisas reais, sim, que ocorreram e precisam ser
revistas. Mas houve um problema enorme, porque a moça fez um vídeo-aviso para
os estrangeiros que estavam vindo ao Brasil. Depois disso, na Big Apple, ela foi altamente
hostilizada. Chorou, pois, as coisas não deram muito certo. Saiu do palco e deu
sua opinião. Terminamos sobre ela aqui.
Eu estudo Língua Inglesa com pessoas do mundo inteiro aqui
na Califórnia. Tailândia, Chile, Turquia, México, China, Ira, Argentina, El
Salvador, Coreia do Sul, Colômbia, Itália, Vietnã, Camboja ... Uma Paella das Nações. A professora, uma
Americana de Nova Iorque que dá aula na escola por 40 anos, e uma das mais
incríveis que já conheci. Na gramática, um Pelé. Ela havia separado no segundo
tempo das aulas de sexta para que alguns alunos falassem sobre suas nações, uma
pequena palestra para que todos conhecessem mais de suas culturas.
Contudo, na primeira palestra da sala (nem sabia das
palestras, isso no início da classe), eu passei mal antes do intervalo. Então,
uma jovem brasileira carioca, foi apresentar sobre o Brasil:
- Quando vocês ouvem sobre o Brasil, o que vocês lembram? –
Perguntou aos alunos. E o povo falava: "Samba!", "Neymar!",
"Rio!". A menina arrematou:
- Não. O Brasil e muito pior que isso... - O que soube e
que a menina expos as suas opiniões pejorativas. Conflitos em escolas, polícia
entrando em salas de aula, ela falando na CNN.
Nesse ínterim, um baiano ouvia tudo isso. Outros rapazes de
outras nações olharam para ele, perguntando se ele não faria nada porque a
menina estava estraçalhando o próprio pais.
Quando foi dado o momento dos questionamentos, o rapaz,
faca na bota, deu bicas de palavras. Ao seu ver, estava tudo errado expor o país
daquela maneira. A menina chorou no seu romantismo, pelo que a consolaram mais
pela estupidez do rapaz do que pela crise no Brasil. Contaram-me o fato, e só
tive uma coisa a dizer:
- Eu ter passado mal foi livramento de Deus, só pode ser.
Se eu estivesse na sala, não saberia o que falaria. O clima
ficou ruim depois disso. A menina não apareceu mais, tumultuou e foi embora
para o Brasil. Quanto ao rapaz, enfiou a faca da bota em sua própria garganta.
Esgoelar-se não valeu a pena.
Entretanto, semanas depois, a professora queria saber se
outras pessoas queriam falar sobre seus países. Eu só pude levantar a minha mão
e me oferecer.
Uma semana depois, eu mostrei o que amo no Brasil. Lugares
desconhecidos para os estrangeiros que nunca ouviram a respeito. Construções
históricas, bairros e comidas que eles nunca na vida degustaram. Expus como
Deus marcou seus dedos nos Lençóis Maranhenses... Como Brasília foi construída
por um homem que baseou suas elipses no Barroco; de onde veio o Açaí Berry; Como São Paulo não tem praia, mas
temos parques, bibliotecas e museus, nossos bairros dos imigrantes, a comida
saudosa do Mercadão Municipal da Cantareira, mortadela e Cod Pastry, santificados lanches... E como a minha infância foi
aventurosa no bairro do Brás.
"O Brasil está cheio de problemas políticos e seus
roubos. A educação não é boa, porém eu acredito em Deus, e acredito que Ele está
fazendo algo pelo meu pais. O povo é trabalhador, e digo:
"The best of
Brazil is the brazilians".
Há brasileiros que por aqui habitam que dizem não ser mais
brasileiros. Esses, por esse motivo, perderam seu próprio R.G.: Eles não
valorizam nem a si mesmos. São os sem-nação, pois esqueçam, vocês nunca serão
americanos, ingratos. Eu sempre serei brasileira por onde correr com Deus. Aqui
na terra, essa e a minha identidade provisória, já que um dia morarei no céu.
Relembre eu que minha terra ainda tem palmeiras onde canta
o sabiá. Que as gaivotas que aqui gorjeiam, com certeza não gorjeiam como as de
lá.
Vandressa Holanda
Gefali
Direto desta geração
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